sábado, 28 de março de 2015

A Importância do Protestantismo para a Educação

O empenho por uma boa educação foi uma das marcas da Reforma Protestante. Lutero defendia o livre exame das escrituras, para isso, cada cristão deveria saber ler. A essa altura, na idade média, a maior parte da Europa não tinha acesso à escolas, e à educação. Lutero então conclama os príncipes a investirem em educação. Uma ideia de Lutero e da Reforma era que ao lado de cada igreja protestante tivesse uma escola.
O pensamento de Lutero acerca deste tema é expresso principalmente em seu escrito "AOS CONSELHOS DE TODAS AS CIDADES DA ALEMANHA PARA QUE CRIEM E MANTENHAM ESCOLAS CRISTÃS - 1524". Segue abaixo algumas citações de Lutero:
"Em primeiro lugar, constatamos hoje em todas as partes da Alemanha que as escolas estão no abandono (p. 303)."
Por que não levantar igual soma para a pobre juventude necessitada, sustentando um ou dois homens competentes como professores? (p. 305)"
"Em minha opinião, nenhum pecado exterior pesa tanto sobre o mundo perante Deus e nenhum merece maior castigo do que justamente o pecado que cometemos contra as crianças, quando não as educamos (307)."
"Muito antes, o melhor e mais rico progresso para uma cidade é quando possui muitos homens bem instruídos, muitos cidadãos, ajuizados, honestos e bem educados (p. 309)."

As necessidades descritas acima por Lutero retratam o sistema de ensino na Alemanha do século XVI (que mais parece o Brasil do século XXI. Que atraso!) Estas citações visam promover uma reflexão que resulte numa maior mobilização do Estado, da família, da escola, da igreja, de todos aqueles que podem contribuir mais e melhor para uma educação que combata as injustiças sociais, e colabore para a humanização, em seu sentido pleno, de cada criança.

Alguns séculos mais tarde, surge um teólogo na Europa que viria a reestruturar a educação no mundo. Sua obra, a Didadtica Magna, ao ser publicada, causa uma verdadeira reforma na Europa. Ele esteve a frente de seu tempo, defendia que os pobres e as mulheres tivessem acesso à educação. Comenius acreditava que poderia ensinar tudo a todos, esta era a sua máxima. Ele queria transformar os homens em bons cristãos. Queria que a educação fosse universal. A educação mundial recebeu influências de um teólogo, um homem da religião. Regiões como Holanda e Suécia, hoje lugares que se destacam em educação, foram influenciadas pelas ideias e ideais deste homem. 

Religião, reforma e educação no Brasil
O protestantismo chega ao Brasil e traz consigo o investimento em Universidades. A pedagogia protestante foi uma importante agência do liberalismo econômico e da liberdade de expressão no continente latino-americano. A educação foi o grande ideal do protestantismo, e sua proposta era a constituição de um Estado liberal, ou seja, um Estado onde os interesses dos políticos não sobrepusessem os interesses dos cidadãos, como vemos hoje.
Surgiram ainda escolas das organizações religiosas. Estas escolas valorizavam as habilidades individuais e as relacionavam com os processos educacionais, de maneira personalizada. Diferente do ensino público de hoje, onde as crianças são tratadas como se não tivessem diferenças. A formação tinha como ideal a construção de um homem completo para a vida prática e preparava seus educandos para o exercícios de uma efetiva cidadania. As escolas protestantes incentivavam o debate, a formação de associações de estudantes e os esportes. A escola era um lugar de treinamento para a democracia. Alguns estudiosos dizem que a importância das escolas protestantes hoje quase inexiste. No entanto, eu discordo. A prova do Enem de 2013 teve entre as 30 melhores escolas, 10 escolas ligadas à instituições religiosas. Em um país de educação tão ruim, é um resultado animador. Descartadas escolas que se encontram em periferias e fazem um trabalho importante. Muitas igrejas Batistas, Adventistas, Metodistas, Luteranas tem levado educação de qualidade para os diversos lugares do Brasil. 
Com relação a questão da laicidade comprova-se que hoje, as Universidades protestantes são as mais laicas do país e a grande contribuição das mesmas foi ajudar as elites a laicizar a educação no Brasil.
Concluímos assim que o protestantismo teve uma importância considerável para o mundo, e de forma particular para o Brasil. No entanto, reconhecemos que as igrejas podem fazer muito mais pela educação no Brasil. A igreja está onde o Estado não consegue chegar. Não deve ser a responsável pela educação de um país, mas pode ajudar muito. A igreja pode ajudar o desenvolvimento do ser humano no que tange à educação, auxiliando assim no desenvolvimento econômico das cidades e trazendo melhoria de vida para as pessoas. Todas as reformas e avivamentos trouxeram melhoria de vida para os seres humanos. A igreja tem um papel humanizador e não pode esquecer disso. A possibilidade de conhecer é característica do ser humano, e essa característica deve ser explorada. 

Religião, coisa de alienados?



Obs: Quero informar que NÃO DISCUTO FÉ NESTE ARTIGO. NÃO DISCUTO DOUTRINA. NÃO DISCUTO SALVAÇÃO. Não estou dizendo que a religião salva, nem que a religião não salva. Estou dizendo apenas que a religião tem sua importância para a sociedade, e não se conhece sociedade que não tenha produzido religião. Estou dizendo que a fé não é alienadora. Uma crítica à crítica de Marx. Nada mais do que isso. Aqui NÃO DISCUTO TEOLOGIA! Minha intenção neste texto é defender a religião e a liberdade religiosa. Uso o sociólogo Émile Durkheim como referência teórica.

Podemos definir religião como conjunto de conhecimentos, ações e estruturas com que o homem exprime reconhecimento, dependência e veneração em relação ao sagrado. Uma definição mais simples e objetiva está na própria palavra religião que tem origem latina e significa religar. Religar o homem ao sagrado. Para tal, dois elementos precisam ser considerados: o mito e o rito. O mito como sendo a parte doutrinária, de crenças. O rito é a parte de práticas religiosas ou práticas de culto. Antropólogos afirmam que o homem desenvolveu atividades religiosas desde sua primeira aparição e que não se ouviu ainda falar de sociedade que não tenha produzido religião. Todas as tribos e todas as populações, de qualquer nível cultural, cultivaram alguma forma de religião. A religião é uma das manifestações mais próprias, autênticas e genuínas do homem. Para Teixeira (2009), Durkheim definiu a religião como sistema de crenças e práticas relativas a coisas sagradas que unem numa mesma comunidade moral todos que aderem a ela.


Fenômenos da religião:

O Fenômeno Filosófico da Religião
No processo de reconstrução de projeto de vida e formação de identidade, precisamos levar em conta a importância do fenômeno filosófico da religião. Segundo Hegel, a religião e a filosofia têm em comum a busca da verdade. O conhecimento religioso tem um objeto vastíssimo, tem explicação para o sentido da vida, para a origem de tudo. As interrogações e afirmações sobre a essência do homem e de Deus norteiam e dão sentido à vida. Ao invés de um papel alienador, como afirmam muitos sociólogos, o papel filosófico da religião oferece um viés conscientizador, à medida que responde perguntas cruciais da humanidade. Quando um ser humano conhece sua essência, o sentido de sua vida, e seu destino, consegue encarar a vida de maneira mais confiante. 

O Fenômeno Ético
Também não podemos ignorar o caráter ético que a religião confere ao homem. A religião normatiza o comportamento humano, conferindo a ele estigmatização do certo e do errado de acordo com um padrão previamente definido. Durkheim observou a importância da religião no que tange ao caráter ético. A moral havia se tornado empobrecida e descorada, tinha perdido a sua força com o apego à razão e o abandono do sagrado. Ele constatou um fracasso: uma ética cortada da religião não cumpriria o seu papel essencial que era infundir um estado de saúde moral à sociedade. Pois, em perspectivas laicas, falta ao educador algo que o “levante acima dele próprio e lhe comunique um suplemento de energia.” Ele passa a entender que a moral deveria revestir-se de uma aura religiosa. Exatamente: o mesmo Durkheim que acreditava no futuro da razão em detrimento ao sagrado parecia reconhecer a necessidade da volta ao sagrado!
Para Durkheim, a dualidade sagrado-profana faz da religião uma entidade que define limites entre o certo e o errado e os faz operar, na medida em que recompensa quem está
certo e pune quem está errado. Trata-se de promover sentimentos de fazer parte e de exclusão. Nessa perspectiva, indivíduos aderem a preceitos de moralidade. 

O Fenômeno Sociológico
A religião atua ainda no âmbito sociológico, pois promove a inserção dos indivíduos nas redes de socialização. Os sistemas religiosos atuam como agências socializadoras, promovendo a transformação e a aceitação do indivíduo em seu meio. No meio religioso encontramos pessoas de diferentes classes sociais se relacionando. Homens e mulheres, idosos e jovens, ricos e pobres são considerados iguais. Os ritos aproximam os indivíduos e aumentam o contato entre eles, tornam-nos mais íntimos. Durkheim observa que o nosso grau de envolvimento com pequenos grupos sociais à nossa volta nos conduz a uma maior ligação com a sociedade em geral. Quanto menos conectado um indivíduo se encontra com a sociedade, menor a condição de agir de acordo com as expectativas e valores sociais. Ao contrário do que previu Marx, Durkheim acreditava que enquanto persistisse a sociedade persistiria a religião. Para ele, a religião é produto de relações sociais. 

O Fenômeno Político
A religião confere ainda ao ser humano noções de estruturação política. A política é inerente ao ser humano, e toda organização terá alguma orientação política. Seja de centralização de poder em um homem, seja de poder dividido pelos votos, seja no poder representativo. No catolicismo e no pentecostalismo, por exemplo, temos a centralização de poder na figura de um homem, o Papa, no catolicismo, e o pastor presidente no pentecostalismo. Nas igrejas batistas temos a poder dividido pelos votos. Na presbiteriana temos o poder no presbitério, que funciona como espécie de senado. As outras religiões tem suas maneiras de divisão e estruturação de poder.

O Fenômeno Psicológico
Psicologicamente, a religião atua como mecanismo de bloqueio ou escape das expressões emocionais. A religião tem a função psicológica de livrar o ser humano das angústias que o afligem. A religião auxilia na construção e reconstrução da identidade, na identificação de seus sentimentos e ensina a lidar com eles, garantido equilíbrio emocional. a etnóloga Brigit Allenbach observa a importância da religião para os jovens como um fator importante na procura da identidade, apesar de não ser o único. "Dependendo da situação esse grupo se aproveita de categorias nacionais, religiosas ou étnicas, para se diferenciar e mostrar sua pertinência", afirma 

O Fenômeno Transnatural
Por último, o fenômeno transnatural que possibilita ao homem unir o humano com o divino e descortinar realidades espirituais. Como Durkheim observou:
"O homem que se submete a um deus não se submete apenas à uma autoridade de quem depende, mas é uma força sobre a qual se firma a sua força. O homem que obedeceu ao seu deus e que , por essa razão acredita tê-lo consigo, enfrenta o mundo com confiança e com sentimento de energia fortificada."
Para Durkheim, a religião supõe uma ação de forças que elevam o indivíduo acima dele mesmo e o transportam para um meio distinto daquele no qual transcorre sua existência profana, o que o condiciona a viver uma vida mais elevada. Durkheim rejeita a religião como sistema de ideias e passa a considerá-la como um sistema de forças. Para ele, quando um homem vive uma vida religiosa, pensa participar de uma força que o domina, mas que, ao mesmo tempo, o sustenta e o eleva acima de si próprio.

Conclusão:
Concluímos que a religião sendo analisada fenologicamente, tem relevância fundamental para a sociedade, e, Karl Marx estava errado quando afirmou que a religião é o ópio da sociedade. A religião, como qualquer outra ideologia, pode até ser considerada ópio sim, mas, como dizia um amigo, generalizar é pegar uma pequena verdade e transformá-la em uma grande mentira. Vemos hoje o marxismo sendo usado como ópio, enlouquecendo multidões, forjando o alívio da dor dos mais pobres, enquanto o Estado tem explorado os mais pobres.
Karl Marx, religião não é ópio!  

PS: Estou preparando um artigo, baseado neste, que fala sobre a importância do atendimento religioso no sistema prisional brasileiro, pretendo publicar em breve.

Agentes do Degase Pedem Socorro


Esta semana o Degase esteve diversas vezes nas capas dos jornais: um agente apedrejado na rua quando levava seu filho para a escola, um agente assassinado em sua casa, um agente sequestrado e torturado, uma rebelião, uma viatura capotou por estar em péssimo estado de conservação, e foi constatado que as 9 unidades de internação estão superlotadas.
O Degase faz parte da secretaria de educação. Os agentes estão atualmente sem porte de arma, com salários defasados, sem progressão salarial. Reivindicam salário igualado ao salário da Seap, retorno da progressão, porte de arma e criação de uma secretaria especial.
Não tem como garantir direito de adolescentes infratores se o direito dos funcionários não é atendido. A humanização começa com a melhoria das condições de serviço dos funcionários. Governador, aguardamos uma solução! Freixo, cadê você? Comissão de direitos humanos da Alerj, já visitaram o agente torturado? Daciolo, Família Bolsonaro, Ezequiel Teixeira e Alberto Fraga, contamos com vocês. Ajude, compartilhe esta mensagem!
Dia 31/03/15, às 09hrs, nas escadarias da ALERJ, será feito um ato público em favor dos servidores do Degase.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Entenda porque uma economia que não cresce prejudica sua vida


Uma critica ao artigo de Boff

Leonardo Boff, considerado um dos pais da teologia da libertação, escreveu um artigo em defesa do "pibinho", tentando provar que um país sem crescimento econômico não prejudica os mais pobres da sociedade. Ele critica o capitalismo americano, dizendo que não há espaço para democracia em tal sistema econômico. Discordo de Boff, e escrevi uma resposta ao artigo dele. Confira!
"Desde 1960, o comparecimento dos eleitores nos USA diminuiu de 64% (1960) para pouco mais de 50% (1996), embora tenha aumentado ultimamente. Tal fato deixa perceceber que é uma democracia mais formal que real."

No Brasil as pessoas brigam pelo direito de não serem obrigadas a votar, dizem que em país democrático ninguém é obrigado a fazer algo que não queira fazer. Nos EUA o voto não é obrigatório. Utilizar um dado desses para dizer que a democracia é formal é ledo engano. A abstenção dos eleitores das urnas comprova que os eleitores se sentam livres, não vêem riscos em jogo, sua liberdade estará assegurada e ele não precisa saber quem vencerá. O poder do presidente não põe a riqueza pública à sua disposição, ele não poderá taxar o povo, nem indicar juízes, nem controlará um banco central que inflacione a oferta monetária.

"democracia e capitalismo não convivem."
Qual seria a opção econômica? O comunismo "democrático" de Mao Tsé Tung? A democracia de Stalin? O socialismo de democracia de Hitler? O Comunismo de grande liberdade de Fidel Castro, onde os cubanos fogem da "liberdade comunista" para irem para a "ditadura" americana? Todos sabemos que os EUA, o país representante do capitalismo mundial, é também o país representante da democracia.

 "Piketty vê nos USA e na Gran Bretanha, onde o capitalismo é triunfante, os países mais desiguais" 
Infelizmente, distribuição de renda pode não servir pra nada, um povo pode ter igualdade mas serem todos iguais na pobreza. Da mesma forma, outro povo pode, apesar da desigualdade, garantir um nível de vida satisfatório para os mais pobres. A Etiópia é um dos países mais igualitários do mundo. Mais igualitária do que a média dos países da União Europeia. Paquistão também está entre os mais igualitários. Mas onde existe mais pobreza?

"Nos USA executivos ganham 331 vezes mais que um trabalhador médio."
Pergunta para o trabalhador médio americano se ele quer a igualdade da Etiópia.

 Citando Piketty, Boff escreve: “O objetivo da economia não é o ganho mas sim o bem-estar de toda a população; o crescimento econômico não é um fim em si mesmo, mas um meio para dar vida a sociedades boas, humanas e justas”.
Nesta observação Boff acertou. É interessante ver um comunista falando de bem-estar. Ele podia dar exemplo de bem-estar em país comunista, né? O sistema que tem a melhor maneira de gerar bem-estar para a população é o capitalismo. Alguns terão mais, outros menos, mas os que tiverem menos terão situações melhores do que os iguais dos países comunistas.

"E como um gran finale a frase de Robert F. Kennedy:”o PIB inclui tudo; exceto o que faz a vida valer a pena.”
O artigo de Boff, ao final, apresenta-se extremamente partidário, defensor do PT,  e justificador da incompetência dos economistas petistas. Interessante que este discurso não foi usado de 2005 à 2011, quando o PT ainda não tinha conseguido ferrar tanto o nosso PIB. Certamente o PIB é de extrema importância, pois não se pode dividir o que não se produz, onde não há produção não pode haver justa distribuição.

Concluindo o assunto, podemos perceber nitidamente que o problema principal do mundo não é a desigualdade, mas sim a falta de dignidade para os mais pobres. É fundamental que os mais pobres tenham acesso a uma vida digna, e para melhorar a vida das pessoas é necessário que o país cresça e se desenvolva de maneira que 0 desenvolvimento alcance a todos.